A
história do Centro de Material e Esterilização (CME) nos hospitais brasileiros
vem acompanhando o desenvolvimento dos estabelecimentos de saúde em nosso país.
No início da década de 40, a limpeza, o preparo e o acondicionamento dos
produtos para saúde eram predominantemente realizados pelo pessoal de
enfermagem das próprias unidades de internação do hospital.
O CME apenas se encarregava da
esterilização dos produtos para saúde. Em meados da década de 50, surgiram os
CME parcialmente centralizados, nos quais parte do instrumental cirúrgico e
produtos para saúde começou a ser preparada e esterilizada.
Nas ultimas décadas do século XX,
com o avanço tecnológico e o desenvolvimento vertiginoso das técnicas e dos
procedimentos cirúrgicos, os produtos para saúde e os equipamentos necessários
para realização do ato anestésico-cirúrgico, foram se tronando cada vez mais
complexos e sofisticados, impondo, então, a necessidade de aprimoramento das
técnicas e dos processos de limpeza, preparo esterilização e armazenagem, dos
produtos para saúde e consequentemente de pessoal capacitado para a execução de
tais tarefas.
O CME pode se definido como: “Setor, unidade
ou serviço destinado a limpeza, ao acondicionamento, à esterilização, à guarda
e a distribuição dos produtos para saúde”.
Atividades
desenvolvidas no CME
Recebimento, desinfecção e separação
dos produtos de saúde;
Limpeza de artigos para saúde
Recebimento de roupas vindas da
lavanderia
Preparo de produtos e roupas em
pacotes
Esterilização dos produtos de saúde
e roupas por métodos físicos, químicos,
proporcionando condições de aeração dos produtos;
Realização de controle biológico e o
prazo de validade de esterilização dos produtos;
Armazenagem dos produtos
esterilizados;
Distribuição dos produtos
esterilizados;
Zelar pela proteção e segurança dos
operadores do setor.
Áreas
de serviço do CME
Área para recepção, descontaminação
e separação dos artigos, assim como lavagem dos artigos;
Área para recepção de roupas limpas;
Área para preparo de artigos e
roupas limpas;
Área para esterilização física,
sempre mantendo a distância mínima de 20 cm entre autoclaves);
Área de esterilização química líquida;
Sala de armazenagem e distribuição
de roupas e artigos esterilizados;
Sala de lavagem e descontaminação;
Sala de esterilização.
FLUXOGRAMA UNIDIRECIONAL DO CME
FLUXOGRAMA DOS ARTIGOS PROCESSADOS
NO CME
CLASSIFICAÇÃO DE ARTIGOS SEGUNDO O
POTENCIAL DE INFECÇÃO
Reprocessamento
Processo de limpeza, desinfecção ou
esterilização a ser aplicado a um produto, que garanta a sua segurança na
utilização, incluído controle da qualidade em todas as suas etapas.
Reesterilização
É a esterilização de artigos já
processados, mas não utilizados, em razão de eventos ocorridos dentro do prazo
de validade do produto ou do próprio processamento. Tais fatores podem
comprometer o processo ou resultados da esterilização inicial de forma que não
haja garantia de segurança.
Limpeza
Consiste na remoção da sujidade
visível – orgânica ou inorgânica – de um artigo e, por conseguinte, na retirada
de sua carga microbiana. Trata-se de uma etapa essencial e indispensável para o
processamento de todos os artigos, seja ele crítico, semicrítico ou não
crítico.
Esse processo deve sempre preceder a
desinfecção ou esterilização, pois a presença de matéria orgânica protege os
microorganismos, tornando as etapas seguintes ineficientes. O emprego da ação mecânica
e de soluções adequadas aumenta a eficiência da limpeza.
É necessário, quando possível a
desmontagem, limpeza e enxágüe para posterior desinfecção ou esterilização dos
produtos.
Um processo de limpeza eficiente
deve atingir os seguintes objetivos:
Reduzir
a carga microbiana natural dos artigos;
Remover
contaminantes orgânicos e inorgânicos;
Remover a sujidade dos artigos.
A
limpeza pode ser manual ou mecânica.
Quando
manual deve-se utilizar produtos adequados tais como, detergentes e enzimáticos
para maior eficiência no processo e também a utilização de equipamentos de
proteção individual (EPI).
A
limpeza mecânica pode ser realizada por lavadoras ultrassonicas, lavadoras
esterilizadoras ou lavadoras termodesifectoras, que operam em diferentes condições de tempo e temperatura.
PROCESSOS PARA USO DE MATERIAIS DE
SAÚDE
Preparo e
empacotamento de artigos
Definição:
Consiste na preparação e acondicionamento do artigo de acordo com sua
classificação (crítico, semi-crítico ou não crítico) e seu acondicionamento em
seu invólucro compatível com o processo e com o material.
Objetivo:
Manter a esterilidade do produto para o uso pretendido, mantendo suas
característica de uso seguras.
Características
gerais de uma embalagem: A embalagem deve proteger
o artigo, possibilitar a identificação e abertura asséptica, funcionar como
barreira microbiológica, ser atóxica, resistente a umidade, flexível e
resistente, de fácil abertura, garantir fechamento hermético, possibilitar que
o agente esterilizante entre em contato com o artigo, não eliminar resíduo e
manter a esterilidade até o momento do uso.
Tipos de embalagem
Tecido de algodão: Embalagem
econômica, 100% algodão e campos duplos,
tecido tem vida útil curta, dificuldade de monitoramento, não é resistente
a umidade, pouco eficiente como barreira antimicrobiana.
Papel Grau
cirúrgico : Permeável ao agente esterilizante e
impermeável aos microorganismos, resiste a temperatura de 160 graus,é isento de
alvejante e corante.
Papel Crepado:
Resiste ao vapor e ao óxido de etileno, eficiente como barreira antimicrobiana,
flexível, resistente, atóxico e reciclável.
Papel Kraft:
Contém amido, microfuros, corantes e produtos tóxicos, não resiste a umidade,
tem efeito memória, frágil e vulnerável a barreira microbiana
Filmes
transparentes: São utilizados junto com o papel grau
cirúrgico e além de permitir a visualização do conteúdo, são resistentes e
podem ser submetidos ao vapor e óxido de etileno.
Tyvek:
Suporta altas temperaturas, alta resistência atração e perfuração, longa
durabilidade, resistência a tração e perfuração, não contem celulose e não
absorve peróxido de hidrogênio.
Caixas metálicas:
Somente devem ser utilizadas em estufas, porém se forem caixas perfuradas podem
ser utilizadas em autoclave
Containeres rígidos:
Metal ou lático termoresistente, a tampa contém um
filtro microbiano de alta eficiência, permeável ao agente esterilizantes.
Utilizado em autoclave com bomba de vácuo e ciclo pulsátil.
Vidros:
Indicados para esterilização de líquidos, e devem ser resistentes a alta
temperatura.
Não-tecido:
É uma ótima barreira anti-microbiana, é muito resistente, altamente permeável
aos agentes esterilizantes, compatível com vários formatos de instrumentos e
processos de esterilização. Uso único, pois se modifica durante o processo.
ESTERILIZAÇÃO
Os processos
críticos de esterilização devem ser sempre monitorados, devendo contemplar o
monitoramento mecânico, químico e biológico dos ciclos dos diferentes tipos de
esterilização disponíveis.
Monitoramento mecânico
verifica os parâmetros críticos: Tempo, Temperatura e Pressão durante o ciclo
de esterilização.
É feito através de indicadores
químicos, que reagem aos parâmetros críticos durante o processo de esterilização.
Podem ser classificados em:
Indicadores
Biológicos
São caracterizados
por uma preparação padronizada de esporos bacterianos que serão submetidos ao
processo de esterilização e após testados para verificação da sobrevivência ou
não ao processo.
Este
processo garante que o processo de esterilização está devidamente efetivo.